terça-feira, 31 de março de 2015

CANCIONEIRA

A lua canta em silêncio
as dores que só ela enxerga
nos olhos que não levantam

suspira nos intervalos
tentando um leve conforto
pro peito que ninguém sonha

e num vento taciturno
abraça seu corpo triste
nos lábios, breve sorriso

segue com cancioneira
das dores que, só, contempla
deitando o seu brilho terno


Roberto Camara & Lena Ferreira - mar.15

sábado, 28 de março de 2015

MARES E MARÉS

Tu que tanto te perdes por entre barreiras que não compreendo mesmo sendo paredão da imensidão, enquanto eu liquefeita, sigo... Buscando nas curvas dos brilhos das luas que perdi algo de mim...como riacho doce.


Tu, que de deságues és nascedouro e te derramas sob solos inférteis, povoando-os de ondas e sementes, adubando cada canto com suores e espumas e acompanha a gestação dos grãos, enquanto eu de pertinho observo maravilhada com que tamanha fluidez fazes vingar flores num deserto de sentires.


Ai, como podes ser assim? Tão mar sendo rio apenas... Tu que me derivas e me nomeias como infinito...quando sou tão finita no bradar de tua voz que engulo o silencio quando a saudade de ti me avança como maremoto...que sou cargueiro de histórias....guardando em mim a imagem do veleiro de nós.


Então façamos assim...Partamos, oceanos nunca dantes navegados! Desimportemo-nos com rotas, rumos ou rótulos! Abandonemos cargueiros; usemos os braços incansáveis e em mergulhos profundos descobriremos o que há além dos limites impostos pelas ondas que apavoram a quem nos olha de tão longe e, por tão longe, temem em nós o mergulho.



MARES E MARÉS - Marcia Poesia de Sá de Marcia Poesia de Sá​ & Lena Ferreira​ - mar.15

quarta-feira, 25 de março de 2015

POEMA DAS ALMAS INQUIETAS

Das frases suspensas nas fases de estio
vazio suspeito dobrando viéses
das vezes que verso em rima de frio
verbo por um fio remete a reveses

Das vozes sedentas das dores de cio
fastio que sustenta solvendo osmoses
das doses de inverno em clima sombrio
o inferno bravio reclama os algozes

Das vezes que o vento ventou sobre as folhas
daquelas escolhas tidas como certas
das reses cobertas, envoltas em bolhas
perto se fez longe  das portas abertas

Das bases que o tempo calcou sobre as formas
das normas cuspidas julgadas corretas
das fezes fedidas banhadas de aromas
forjou-se o poema das almas inquietas.


POEMA DAS ALMAS INQUIETAS - Lena Ferreira & Wasil Sacharuk - mar.15