quinta-feira, 21 de novembro de 2013

POEMANÉIS

POEMANÉIS

Cheia de vontades,
sem pedir licença,
faz notar presença
mas sem vaidade...

Sem qualquer crueldade
vem enlaçada de festa
entre argolas prateadas...

Faz dançar as letras,
leves, loucas, livres,
não há quem a prive

Prenda preciosa!

Girando dedos e atropelos
enfeitando os desmantelos
construindo estrelas
rasga a mão num salto

...escorre o poema
nasce poesia!

Lena Ferreira & Márcia Poesia de Sá

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A POESIA PEDE TEMPO

A POESIA PEDE TEMPO

Toque-me com doçura!

Dai-me tempo para nascer
Ajuda-me com os ponteiros
Há flechas querendo amanhecer...

Sinta-me com tranquilidade
Permita que sua mente divague
Pelas mais vastas paragens
E na volta, que, enfim, deságue

Deixa-me ser riacho antes de rio!
Sorriso antes de gargalhada!
Encanto antes de paixão...
Palavra antes do não! Deixa?

Dai-me uma folha em branco
E brincarei com as letras, bem feliz
Desenharemos os sentires francos
Utilizando, da alma, o matiz!

Tudo o que imploro é calma!
Um pedacinho de seu tempo...
Sou poesia! ampulheta e magia
Rabiscando a palheta do intento.

Márcia Poesia de Sá e Lena Ferreira

TEMPO PRECISO


Envolta em brumas, a minha alma,
percorrendo pelas noites, tão sozinha,
imersa neste caos, perde a sua calma.
Em meu peito, deixa a dor só minha...
.
É quando a saudade ali se aninha,
Arrepiando a pele, acorda o trauma.
Nos olhos, um denso breu se avizinha
acelerando o coração em pulso-palma...
.
Com o olhar, já fixo naquela estrada,
no fim da linha, eu encontro uma luz.
Estarei à sua espera, nesta cavalgada,
por sua imagem, que tanto me seduz...
.
Hei de esperar-lhe até o tempo preciso
pronta a perdoar os nossos deslizes
Transformaremos o inferno em paraíso
e seremos, novamente, muito felizes...
.
Lena Ferreira e Marieta Belo Genofre

domingo, 27 de outubro de 2013

VOLITAR


VOLITAR

Tremulei como folhas ao vento

Ao sabor deste me deixei levar
Suave volitar, asas de borboletas
mergulhei profundo, no teu doce olhar.

Em beijos delicados, a brisa leve me abraça
Acaricia minha derme a me agasalhar
Alvoroçados pensamentos, minha mente laça
Um laço de fita vermelho grená.

Enfeitada a lua, navega ao mar
recolhe das ondas, espumas purpurinadas
adorna o leito, berço do amar.

(Aglaure Martins, Virginia Jota Jota e Lena Ferreira)

domingo, 19 de maio de 2013

PACTO

Pacto
.
Então está bem:
façamos diferente,
deixemos de lado a obsessão,
percamos o medo da ilusão,
sigamos de fato o que sentimos,
pra cultivarmos o bem que o amor nos traz
Então está bem:
sejamos condizentes
com o que faz pulsar o coração,
entreguemo-nos a esta emoção
que tanto bem faz à nossa alma,
reconduzindo-nos ao caminho da paz.
Está bem então:
Combinado foi, combinado está, combinado seja!
.
Lena Ferreira/Marçal Filho
Rio/Minas 19/05/2013

quarta-feira, 17 de abril de 2013

LIQUEFEITAS



Somos água, liquefeitas...Tanto mata, quanto mar!
Somos água, rarefeitas...Sede ingrata; tanto amar!

Há desertos nessas águas, ondas puras de memórias
pés incertos mas sem mágoas em lonjuras transitórias

Somos águas, somos vento! Maremotos em tantas horas..
somos água em movimento, escorrendo aqui e agora!

Viramos em cachoeiras, corredeiras, lagos e lagoas...
mergulhando em ribanceiras, tremedeira é coisa à toa

Tantas pedras, cascalhos e sons...só nos entoam ao ar...
conchas, marulhos, e tons... em loas ao verbo amar

Mesmo que este amar sedento nos leve em velas de vento,
mergulhamos, sempre fundo nesse mar de sentimentos


LIQUEFEITAS - Márcia Poesia de Sá & Lena Ferreira

segunda-feira, 15 de abril de 2013

SEGREDO EM MIM

SEGREDO EM MIM

É leve o ar que respiro agora
e delicada a brisa que me abraça
não há um quê que circule fora
que destronará essa doce graça

.

Cada gesto, cada movimento

me mostra o quanto é precioso

o que crio em meu pensamento

qual semente de um fruto generoso

.

Que cada palavra que por mim seja dita

fidelize esta minha postura

e mesmo em paz, que sempre reflita

para conservar o ar de brandura



Porque em mim mora o grande segredo

da paz que inspira o mundo e os humanos

se sigo unindo os amores sem medo

sem medo cada um realiza seus planos...


Lena Ferreira & Marisa Schmidt

PANORAMA

O invólucro de certezas que inda sorvo
Adorna o panorama por onde caminho
O cheiro agridoce da espera que absorvo
Transforma a ilusão num cais, num ninho
Atraco a embarcação; meu pergaminho,
e espanto as letras turvas qual um corvo
acompanhada de um velho e bom vinho
que embriaga a inspiração e me comovo

E se a melancolia ousa se acender, portanto
Ainda que com loucas falcatruas, tramando
Possuo o comando desta investida abissal

Verso e com o reverso teço um manto-encanto
meu cais, meu ninho, vão se  modificando:
poemo sóis e luas, dissolvendo o temporal

PANORAMA - Glória Salles & Lena Ferreira

segunda-feira, 25 de março de 2013

TIC TAC

TIC TAC

A noite se espreguiça de mansinho enquanto teço minha colcha de lembranças. Em retalhos bem cortados, passo a linha com cuidado para não ferir cada pedaço. Ao lado de mim, a cestinha de costura me observa atentamente como a verificar se aprendi o caminho certo a seguir. A cada ponto transpassado, ouço o balanço lento das cortinas brincando com o vento. Saúdo com um sorriso e continuo com a tarefa, tranquila e serena. Sinto-me capaz. 
Bordo no tecido branco da minha memória mais um coração, desenhado com ponto cruz. E nessa cortina de recordações, vejo despedaçado, os sonhos nos quais envolvi meu corpo, minhas imagens ilusórias, enfim meus fracassos. No ondular da cortina surge o velho gato que acompanha toda essa trajetória  de danças e quedas. 
Tic tac é o nome desse amigo e cúmplice, que quase não emite mais emoções devido ao cansaço da idade. Teço pontos desconexos e furo o dedo varias vezes com essa agulha malvada que insiste em me ferir. Tic tac me olha com seus olhinhos quase fechados, uma demonstração de carinho. E o seu nome me lembra do relógio da vida que passa tão rápido e eu ainda preciso vencer barreiras...
Tic tac é insiste! Tique-taque, tique-taque...Agora lança-me um olhar provocativo quase desafiador, como a me cobrar o cumprimento da tarefa. E apressa-me...Será que perdi a noção do tempo? Ainda falta o acabamento e os fiapos de lembrança se espalharam  pelo tapete macio. Decido por não catá-los. Deixo que o vento os leve. Quem sabe, cheguem até você...
Mas o bichano, num olhar de súplica, parece que implora para que eu permaneça por perto dele. Dei meia volta e juntei todos os fiapos e fiz uma bolinha para o Tic Tac brincar. Com seus olhinhos quase fechados, meu bichano querido ensaia um pulo e brinca com a bolota de fios que logo se embaraçam em suas patinhas Fico encantada com o esforço, do amigo fiel só para tentar me agradar. Sentei por mais uns instantes, tirei o alinhavo da costura e enfim terminei  um trabalho artesanal que tanto consumiu meus momentos. Deixei apenas os pontos definidos da imensa colcha colorida e aconchegante.
Fui para meu quarto e carreguei o bichano, para facilitar seu caminhar, que já não é tão seguro. Estendi a bela colcha na cama e fiquei por longos momentos observando extasiada a beleza do colorido e a combinação das cores e desenhos. Tic Tac, todo orgulhoso, pula festivo sobre a cama de casal, como quem diz..." Aqui só tem lugar para nós dois." Deitei olhando para o teto lilás do meu quarto e concordei, pensando....Preciso acordar!


Lena Ferreira & Angelina Cruz

sábado, 23 de março de 2013

IMERSÃO


Imersão

Ah, essa placidez inequívoca
ilusória visão abstrata
calmaria de um olhar em tochas
rumores vulcânicos em solo silente

Ah, esta quietude aparente
nada calma, nada sensata
nada em lavas ferventes
poemas silentes de adeus!

Ah, essas ondas que vem à garganta
nessas fases, tão loucas e tantas
reviram o avesso do verso e do sal
e espumam borbulhas agridoce de amar

Ah, de repente, esse verbo eclode
derrubando as paredes suspensas
e alimenta este incêndio doente
que cala, somente, nas águas do mar

Márcia Poesia de Sá e Lena Ferreira - 2013

O QUE A VIDA QUER DE VOCÊ É CORAGEM

O QUE A VIDA QUER DE VOCÊ É CORAGEM
(Angela Chagas e Lena Ferreira)

Existe, no coração de um ser, uma vontade imensa de viver.
Porém, há algo que trunca a sua coragem.
Talvez seja o medo de se perder novamente que o faça se prender
nas dores pelas quais passou...Mas se passou, só resta prosseguir!
Quiça, seja a hora de analisar,pensar no que realmente importa do passado.Pois o passado é necessário, mas já ficou para trás, o presente exige que se faça algo urgente... Seguir na vida descontente, paralisa todas as oportunidades que lhe sorri, diariamente com um futuro promissor e, certamente, nem percebe!
Portanto, olhe para dentro, esvazie-se desse medo,
veja a vida com novos olhos e permita-se ser mais feliz!

quinta-feira, 21 de março de 2013

DELÍRIO CARNAVALESCO

DELÍRIO CARNAVALESCO

Abri tão ligeiramente a janela do quarto triste e escuro, olhei pro céu todo iluminado e sua luz me envolveu toda. Senti nos ossos o gelo da solidão. Vislumbrei o passarinho que acabou de pousar na janela, um esplendor de azul-anil nas asas, seu peito amarelo-girassol, o bico bem verdinho-folha mesclado com preto e escuro era o seu pé direito porque o esquerdo mesclava com o azul da asa e verde do bico... Olhando pra ele me lembrei do carnaval, saudoso instante de 1943... 
De repente suas cores me inspiraram máscaras e fantasias coloridas. Havia tantos sorrisos, notável perceber o quão entusiasmante é esta festa. Sem perceber já estava bailando e murmurando marchinhas carnavalescas. Meus cabelos longos e loiros bailaram como serpentina no ar, gotículas saltavam dos olhos igual confetes, todo o lugar virou a avenida dos sonhos... Num forte ímpeto deixei tudo e contemplei cada recordação... Logo estou a correr pelos corredores... Sabia que precisava ser tocada pelo sol e sentir nos pés o ríspido paralelepípedo. Dancei entre tempos paralelos, o passado e o agora se encostando em vida e saudade. 
Mergulhei nessa nostalgia tão intensa, que bailando, nem senti meus pés se ferindo e sangrando, nos pedregulhos soltos da rua. Tão distante estava minha juventude, minhas delícias, meus sonhos...Tão distante como o colorido pássaro que depois de pousar sobre o imenso pé de Flamboyant, bateu asas e voou, para nunca mais voltar. Continuei meu delírio ao som de " O teu cabelo não nega, Amélia mulher de verdade, alálaôôô...ai que calor".....Sentei no duro meio fio, atordoada, quase desfalecida. Bandas passavam, colombinas, bêbados, equilibristas, casais enamorados e eu lá no breu da minha solidão, sem rumo, perdida na imensidão dos anos que tão rápido passaram.....
Tentei então aos poucos me levantar, mas foi em vão. Me escorei na mureta que circundava o pé de Flamboyant e enfim, consegui dar os primeiros passos, ainda que trôpegos, quando uma aragem parecia me conduzir, sem que tocasse os pés no chão. Senti até aquela mão forte me apertando os ombros, como que dizendo: confie em mim, estou aqui. O medo foi tanto, que desejei no fundo da minh'alma, não continuar o caminho de volta! Sim; um medo imenso de acordar.......
Só que ao firmar bem meu olhar, deparei com a fria realidade. Mãos tremulas, olhar sombrio, corpo encurvado, próprio de mendigos, que envergonham-se de si mesmos, aproximou-se sussurrando: -Não se assuste. Sou eu mesmo. Um fugitivo de mim, ébrio viajante rumo a lugar nenhum. 
Não contive a emoção, debulhei-me em lágrimas, como há muito tempo não conseguia nem mesmo chorar. Quis fugir, quis enganar meus sentimentos, mas tudo foi em vão. Como vã tem sido a vontade de continuar, resistir....

Bia Cunha & Angelina Cruz


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

DEVANEIOS

DEVANEIOS....

Eu parti por uns instantes, subi no barco da ilusão e de papel. Empurrei-o com os dedos e logo mais estava eu de corpo inteiro, tocando o mar com os dedos e os pés. Ora realidade, ora devaneio. No devaneio persisti e deixei que me me molhassem o vestido vermelho floral, o chapéu voou, a echarpe foi colando na pele e fitando o celeste sorri e no último momento peguei impulso e subi na embarcação, meu carmim virou uma vela encantada... Agora é o verde das águas que me aponta o horizonte.
Espreguiço a alma, estalo os dedos, respiro fundo e ainda me lanço, com coragem (ou covardia?) na tentativa da expressão exata, sem meio termo, inteira e compreensível, que não deixe margem à interpretações dúbias...Tento, ainda...
Melhor não mais olhar para trás, na margem ficou o credo e muito areia, por aqui espaço, segredos e mistérios. Hora de remar, no colo da memória está as letras do Caio, "remar, re-amar", ao redor os sonhos nadam com os peixes e as aves se aproximam para guiar ao sol...
E aos pés deste verbo sacrossanto, debruço o pensamento em prece silente e profunda, sem promessas, sem juras, sem apelos...apenas grata por estar, finalmente, contido em meu ser...
Sinto graça no cair de uma garoa, acolho como bençãos de Jesus/Oxalá... Iemanjá de branco e azul abre as águas para o eu passar. E docemente os ventos vão me acolhendo e colhendo os silêncios todos, lágrimas de prazer caem e pintam essas letras pretas no papel que já não é mais cinza. É amarelo de sorriso largo!
Magicamente olho para cima e contemplo essas letras, como se fossem fumaça deixada pela esquadrilha, ou como um anuncio escrito no arco iris. "Saudade, presença do ausente". E a cena se encerra com gotas raivosas da chuva que inunda meu rosto, misturando com lágrimas, que logo, logo será uma tempestade. O que era para ser lírico tornou-se um espetáculo dramático.
Borrou todo jornal. Silente as letras escorreram e aos pingos da chuva, das lágrimas foram seguindo mar adentro... Eu recolhi os dedos e com minhas mãos cobri a face, mas cedi e levantei deixando que toda esta água me inundasse a alma... Segui em terra firme, agora sobre passos, o lenço carmim perdera-se nas águas, mas seria ele mesmo pertencente ao devaneio... Meu abrigo é aquele banquinho repleto de folhas, não mais secas, ficaremos embaixo desta árvore esperando o esteio entre gotículas. Eu e as folhas... Nunca tão sozinha... Tenho a Poesia em mim e sei que posso fazer um castelo deste momento aqui.

Angelina Cruz, Bia Cunha e Lena Ferreira

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ÓRFÃOS


Andávamos,tortos,
trôpegos, tontos
como quem à noite
caminha

Estávamos assim
no fim do início
no início do fim
do precipício

Traçávamos, mortos
sôfregos pontos
como quem jamais
se aninha

Sangrávamos, órfãos
de poesia

Corre nas veias
a mais pura anemia.

Lena Ferreira & Wasil Sacharuk